A busca por Tokaj-Hegyalja, ou só Tokaj para os íntimos, se transforma numa viagem pelo tempo, pela história, numa aventura e finalmente numa paixão.
História
Budapeste é uma cidade imponente, elegante e fervilhante.
O centro histórico da cidade mostra na arquitetura a influência dos invasores estrangeiros que durante muitos séculos conturbaram a interessante história da Hungria.
Hoje, vivendo um momento muito mais pacífico e livre do comunismo, a cidade resplandece com seus monumentos iluminados cheios de turistas de todo o mundo.
Estas ruas lotadas são pontuadas por bares e boates badaladíssimos, butiques de moda internacional, lojas de lembrancinhas, restaurantes que servem a distinta culinária típica húngara: temperada e apimentada com muita páprica, além de lojas de bebidas que vendem aguardentes de frutas, vinhos Tokaji e mais uma surpresa: vinhos secos tanto tintos quanto brancos de muito boa qualidade.
Reserve uns 2 ou 3 dias (e um par de sapatos muito confortáveis) para conhecer a cidade. Visite o parlamento, o mercado central um dos mais lindos da Europa, a Cidadela com seu mirador fantástico, o Bastião dos Pescadores, as termas com águas quentes e poderes curativos, a Igreja Matias onde acontecia a coroação dos reis húngaros, o Aquincum com uma representação da vida romana tão real que você vai achar que entrou num túnel do tempo. E lembre-se, 70% desta cidade foi bombardeada durante a 2ª guerra mundial…
Mas para conhecer o vinho realmente emblemático da Hungria, temos que nos afastar da Budapeste onde serpenteia o belíssimo Danúbio, o segundo maior rio da Europa em comprimento e seguir para o nordeste em direção à Ucrânia.
A pouco mais de 2 horas de viagem por modernas estradas bem conservadas se chega à pequena cidade de Tokaj. Isso se o seu GPS está bem regulado. O meu por exemplo me jogou ….. numa balsa. Mas juro, valeu a aventura.
O que originou tanta curiosidade? As lendas. Uma delas? Em 1703, o Príncipe Rákóczi da Transilvânia que casou com a herdeira de Tokaj necessitava de ajuda para sufocar uma insurgência de seus senhores feudais Habsburgos e para contar com o apoio da França, presenteou Luís XIV, o rei sol, com vinhos de Tokaj.
A adulação não funcionou, mas este que sempre foi um vinho lendário, cheio de folclore, cantado por poetas, exportado para Rússia e Polônia por ser a bebida da nobreza, dos czares e da realeza, foi proclamado “o vinho dos reis e o rei dos vinhos” pelo famoso Luis.
Tokaj
Esta é mesmo uma aldeia pequena.
Depois que cheguei lá, dei de cara com uma mega festa de rua, com música ao vivo, um palco no centro da vila, barraquinhas de comida e artesanato. Fiquei até zonza de tanta emoção.
A época da vindima é assim, festas por todos lados, resquícios de tempos pagãos quando a colheita era uma dádiva tão importante que tinha que ser amplamente comemorada.
O único problema é que me distraí na festa e no que fui ao hotel deixar a mala (na verdade é mais uma casa de família com um quarto para alugar), a festa já havia acabado e estava tudo fechado. Afinal era domingo 20:30. Faz parte da aventura.
Há uma série de fatores que conspiram para esta região do planeta ser propícia para a produção deste vinho mesmo uns 200 anos antes de Sauternes.
Esta bela região de vasta vegetação continental, possui solo vulcânico, argiloso e possui uma grande quantidade de riolito uma substância que absorve humidade mas a libera gradualmente pela sua porosidade. O que é muito importante especialmente considerando-se a grande quantidade de rios que cortam esta zona.
As colinas Zemplén que fazem parte da cadeia de montanhas dos Cárpatos protegem a região do frio lá do norte, dos lados do Mar Báltico e vizinhança.
Os gélidos invernos húngaros matam a maioria dos fungos e insetos existentes na vinha. Um período de vegetação normalmente seco mantém baixa a quantidade de fungos, evitando os indesejados. Tudo isso guarda espaço apenas para a botritis.
A botritis ou a podridão nobre precisa de um outono longo e de temperaturas amenas.
As cascas das uvas se rompem com a chuva e são infectadas pela botritis de fora para dentro. Com o tempo, mesmo seco, os demais bagos também se contaminam. As uvas afetadas têm um nível de açúcar muito alto.
É fácil reconhecer as uvas botritizadas, pois elas são cinza, outros fungos têm outras cores e não servem.
É aqui que começa a magia do vinho Tokaji. Aliás, um esclarecimento: Tokaj é o nome da aldeia (Tokaj-Hegyalja), Tokaji é o nome do vinho e que dizer “de Tokaj”.
Não perca o próximo post e conheça tudo sobre como fazer e tomar este vinho fantástico.
como é bom ter alguém, que escreve o real ,parabéns
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